Como diferenciar Tendinite de outras dores articulares?

Postado em: 26/02/2025

Como Diferenciar Tendinite de Outras Dores Articulares
Como diferenciar Tendinite de outras dores articulares? 2

Dores articulares são queixas comuns e podem ter diversas origens, como Tendinite, artrite ou bursite. 

Embora compartilhem sintomas semelhantes, como dor e desconforto ao movimento, cada uma dessas condições tem causas, características e tratamentos diferentes. 

Identificar corretamente cada condição é fundamental para garantir um tratamento eficaz e evitar complicações.

Neste artigo, vou explicar o que é a tendinite e quais os principais sinais que indicam essa condição, lembrando que vou focar na articulação dos quadris e que sempre é indispensável consultar um médico para o diagnóstico e tratamento adequados do seu caso. Tenha uma boa leitura!

O que é a tendinite?

ATendinite é a inflamação de um tendão: estrutura fibrosa e resistente que conecta os músculos aos ossos e é responsável por transmitir a força muscular necessária para o movimento das articulações.

Essa inflamação ocorre principalmente quando o tendão é submetido a esforços repetitivos, sobrecarga, má postura ou traumas diretos, ultrapassando sua capacidade de adaptação. 

Atividades como digitar por horas, levantar peso, correr ou praticar esportes com gestos repetitivos são gatilhos comuns para a tendinite.

A condição pode afetar qualquer tendão do corpo, mas é mais frequente em áreas de grande mobilidade, como ombros, cotovelos, punhos, quadris, joelhos e tornozelos.

Os sintomas comuns de tendinite podem incluir, por exemplo:

  • Dor localizada, que piora com o movimento ou ao pressionar o tendão;
  • Rigidez articular, especialmente após repouso prolongado;
  • Edema leve, acompanhado de calor ou vermelhidão em alguns casos;
  • Sensibilidade ao toque, com desconforto até em atividades simples, como vestir roupas ou subir escadas.

Sem tratamento adequado, a tendinite pode se tornar crônica e limitar significativamente a mobilidade.

Por isso, se você se identificou com um ou mais dos sinais acima, ou se vem notando um desconforto persistente em qualquer articulação, não deixe de buscar ajuda!

Como diferenciar tendinite de outras causas de dor no quadril?

A dor no quadril pode ter diversas origens, e muitas vezes a tendinite é confundida com outras condições articulares ou musculoesqueléticas que afetam a mesma região. 

Para um diagnóstico preciso e tratamento adequado da tendinite, é essencial compreender as diferenças entre os sintomas, causas e características de cada condição. 

Essa responsabilidade, obviamente, é do ortopedista, mas para ajudar você a estar mais consciente sobre o assunto, a seguir apresento distinções entre a tendinite e outras causas frequentes de dor no quadril!

1. Tendinite vs. artrite

A tendinite, como explicado acima, é uma inflamação do tendão, geralmente causada por esforço repetitivo, má postura, sobrecarga ou técnica incorreta durante atividades físicas.

Ela é mais comum em pessoas ativas, como atletas ou trabalhadores com movimentos repetitivos. No entanto, idosos e pessoas não tão ativas também podem desenvolver a condição em casos mais raros.

A artrite, por outro lado, é uma inflamação da articulação em si. 

Ela pode ser causada por desgaste da cartilagem (osteoartrite) ou por doenças autoimunes, como a artrite reumatoide.

Uma característica dessa condição é uma dor mais difusa e profunda, que pode piorar com o uso do quadril/articulação afetada, mas também ocorre em repouso. 

Vale mencionar que a condição, porém, pode apresentar uma dor leve no começo.

A artrite também pode causar rigidez matinal prolongada (por mais de 30 minutos), com limitação da mobilidade articular.

Ela pode afetar diversas articulações de forma simétrica, como em doenças autoimunes.

Trata-se de uma condição mais comum em idosos ou pessoas com histórico familiar.

2. Tendinite vs. bursite

A bursite trocantérica, muito comum no quadril, é a inflamação da bursa — uma bolsa cheia de líquido que reduz o atrito entre músculos, ossos e tendões.

A dor da bursite é mais lateralizada e superficial, podendo irradiar para a coxa.

Ela costuma piorar ao deitar-se sobre o lado afetado ou ao pressionar a região do trocânter.

Pode haver sensação de calor local e sensibilidade difusa.

A tendinite, embora possa ocorrer na mesma região, apresenta dor mais “em faixa” ao longo do tendão e está mais diretamente relacionada ao movimento específico que envolve o tendão inflamado.

3. Tendinite vs. lesão muscular

As lesões musculares envolvem estiramentos ou rupturas das fibras musculares e geralmente estão associadas a movimentos bruscos, falta de aquecimento ou excesso de carga.

Um sinal comum é a dor súbita durante a atividade, acompanhada por sensação de estalo ou repuxo.

Pode haver edema, hematoma e perda de força imediata na musculatura afetada.

A dor está mais difusa no músculo e não ao longo do tendão.

Já na tendinite, a dor costuma se instalar aos poucos e se agrava com o uso repetitivo da articulação, sem sinais evidentes de trauma ou hematoma.

4. Tendinite vs. síndrome do impacto femoroacetabular (IFA)

A síndrome do impacto femoroacetabular ocorre quando há um atrito anormal entre a cabeça do fêmur e o acetábulo (parte da pelve), gerando desgaste e dor.

A dor nesses casos é profunda na virilha e piora com movimentos de flexão e rotação do quadril.

A condição é frequentemente associada a atletas jovens e ativos, especialmente em esportes com rotação do quadril.

Essa síndrome pode causar sensação de travamento ou estalos na articulação.

A tendinite, por outro lado, não costuma causar estalos e apresenta dor mais localizada e superficial, especialmente ao longo do tendão inflamado.

5. Tendinite vs. síndrome do piriforme

A síndrome do piriforme é causada pela compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme, localizado na região glútea.

A condição pode causar dor profunda na nádega, que pode irradiar para a parte posterior da coxa.

Também pode haver a sensação de formigamento, queimação ou dormência, semelhante à ciatalgia.

O agravamento ao ficar sentado por longos períodos é outro sintoma comum.

A tendinite raramente causa sintomas neurológicos. Quando há irradiação, ela tende a ser muscular e não apresenta alteração de sensibilidade ou força.

A importância de procurar um especialista

Dores no quadril que persistem por mais de uma semana, limitam movimentos ou aumentam de intensidade devem sempre ser avaliadas por um ortopedista

A diferenciação correta entre tendinite e outras patologias articulares requer exame físico detalhado, histórico clínico e, em alguns casos, exames de imagem como ultrassonografia, raio-x ou ressonância magnética.

O tratamento adequado depende do diagnóstico preciso. Por mais que você se informe sobre o que está sentindo, são necessários mais recursos e conhecimentos específicos para confirmar seu quadro.

A automedicação pode mascarar sintomas e atrasar a recuperação, levando a possíveis consequências mais duradouras ou desafiadoras. 

Por isso, em caso de dor persistente no quadril, procure ajuda profissional qualificada para um plano de tratamento personalizado e seguro, facilitando sua jornada de recuperação e garantindo mais bem-estar para o seu dia a dia.

O diagnóstico da tendinite 

O diagnóstico correto da tendinite é feito inicialmente por meio de avaliação clínica, com exame físico que identifica dor à palpação, limitação funcional e sinais de inflamação local.

Para confirmação e avaliação da extensão da lesão, o médico pode solicitar exames de imagem, como ultrassonografia musculoesquelética (útil para visualizar o tendão em tempo real) ou ressonância magnética, que oferece maior precisão em casos crônicos ou complexos.

Esses exames também ajudam a descartar outras causas de dor articular, como bursite, lesões musculares ou patologias intra-articulares.

A importância do diagnóstico médico e do tratamento precoce

Como explicado, diferenciar a tendinite de outras condições articulares é fundamental para garantir que o paciente receba o tratamento adequado desde o início, evitando agravamentos e complicações. 

Somente um profissional capacitado poderá realizar uma avaliação funcional completa, identificar o histórico de esforços repetitivos ou desequilíbrios musculares do paciente, além de solicitar exames de imagem quando necessário. 

Essa análise detalhada permite confirmar o diagnóstico de tendinite, localizar com precisão o tendão afetado e definir o grau de inflamação ou lesão.

Benefícios de identificar a tendinite o quanto antes

Quando identificada precocemente, a tendinite costuma responder bem a medidas conservadoras, como repouso relativo, fisioterapia com exercícios específicos, uso de medicamentos prescritos e ajustes posturais. 

A fisioterapia, por exemplo, ajuda a restabelecer o equilíbrio muscular e articular, reduzindo a carga sobre o tendão inflamado.

Riscos e consequências do diagnóstico inadequado 

Quando há atraso no diagnóstico ou o paciente insiste em manter atividades que agravam o quadro, a tendinite pode evoluir para estágios mais graves

Nessas situações, há risco de cronicidade (a tendinite pode se tornar uma doença crônica), degeneração tendínea ou até ruptura parcial/total do tendão, o que pode exigir tratamentos mais complexos, como infiltrações ou cirurgia.

Além disso, a dor prolongada e não tratada pode interferir diretamente na qualidade de vida, limitando movimentos simples, prática de esportes que você gosta, atividades de trabalho e até a qualidade do seu sono.

Portanto, ao menor sinal de dor persistente em uma articulação ou tendão, não ignore os sintomas

Procurar ajuda médica é a melhor forma de garantir uma recuperação mais rápida, evitar complicações e retomar suas atividades com segurança.

A tendinite no quadril pode surgir junto com outras condições articulares?

A tendinite não é, necessariamente, sempre uma condição isolada. 

Em muitos casos, ela pode surgir associada a outras disfunções articulares ou musculoesqueléticas da mesma região, o que torna o quadro clínico mais complexo e desafiador tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.

Quando há sobrecarga contínua, desequilíbrios musculares ou alterações na biomecânica do quadril, é comum que mais de uma estrutura seja comprometida. 

Assim, o paciente pode apresentar, ao mesmo tempo, inflamação dos tendões, irritação das bursas, tensão muscular e até desgaste articular. 

Esse cenário exige uma abordagem terapêutica mais ampla e cuidadosa.

Nesses casos, o profissional de saúde precisa identificar com clareza quais estruturas estão envolvidas, entender a interação entre elas e priorizar intervenções que atuem de forma global

Isso inclui não apenas o controle da inflamação e da dor, mas também a correção de fatores biomecânicos que contribuem para a sobrecarga contínua do quadril.

O tratamento, portanto, deve ser individualizado e conduzido com planejamento, respeitando o tempo de resposta do corpo. 

Quando a tendinite aparece em conjunto com outras condições, o cuidado precoce evita a cronificação do quadro, previne recidivas e garante melhores resultados funcionais a longo prazo.

Atletas e pessoas fisicamente ativas devem redobrar a atenção a qualquer sinal de dor persistente ou limitação de movimento. 

Reconhecer que a tendinite pode coexistir com outras alterações é fundamental para buscar ajuda especializada o quanto antes e garantir uma reabilitação completa e segura.

Espero que tenha gostado do conteúdo de hoje. Convido você a visitar meu site para mais informações ou a entrar em contato para marcar uma consulta!

Dr. Gustavo Martins Fontes
Ortopedia e Traumatologia – Cirurgia do Quadril
CRM-SP: 116.821 I RQE: 11551

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Prevenindo a Tendinite: Dicas práticas para o dia a dia

As principais causas da Tendinite: um olhar detalhado


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