Qual é a relação entre impacto femoroacetabular e dor no quadril?
Postado em: 16/12/2024
O Impacto Femoroacetabular (IFA), chamado também de impacto do quadril, é uma das principais causas de dor no quadril e virilha, especialmente em pessoas entre 20 e 45 anos.
Essa condição ocorre quando os ossos do quadril possuem um formato anormal, provocando atrito que pode danificar o labrum – uma estrutura que funciona como amortecedor – e a cartilagem articular, essenciais para o movimento suave da articulação.
Sem tratamento adequado, o impacto femoroacetabular pode evoluir para artrose, comprometendo de forma significativa a mobilidade e a qualidade de vida.
Se você sente dores no quadril ou dificuldades para se movimentar, não ignore esses sinais! Conheça os sintomas e opções de tratamento para recuperar sua rotina com conforto e segurança. Cuide-se e volte a se movimentar com liberdade!
Anatomia do quadril
Compreender a anatomia do quadril é importante para explicar o impacto femoroacetabular. O quadril é uma articulação esférica composta por dois ossos principais, conectados por cartilagem, ligamentos, tendões e músculos:
1. Cabeça femoral: a ponta do fêmur (osso da coxa), que forma uma “bola” de articulação.
2. Acetábulo: uma cavidade na lateral da pelve, que funciona como o “encaixe”.
Uma camada de cartilagem cobre a cabeça femoral e o acetábulo, permitindo que os movimentos sejam suaves e sem atrito. O acetábulo é rodeado por um anel de cartilagem especializado chamado labrum, que protege e estabiliza a articulação.
Em um quadril saudável, a cabeça femoral desliza suavemente dentro do acetábulo, permitindo movimentos fluidos. No caso de impacto femoroacetabular, esse deslizamento é prejudicado, tornando os movimentos do quadril restritos e dolorosos.
O que é impacto femoroacetabular?
O impacto femoroacetabular (IFA) é uma condição em que um ou ambos os ossos das articulações do quadril apresentam um formato irregular, resultando em atrito inadequado entre eles. Esse atrito pode causar danos ao labrum e à cartilagem articular, aumentando o risco de desenvolvimento de artrose.
Existem três tipos de IFA:
- CAM ou CAME: ocorre quando a cabeça femoral não é perfeitamente arredondada, apresentando uma protuberância óssea que impede seu encaixe correto no acetábulo. Durante a flexão do quadril, essa protuberância esfrega contra o acetábulo, danificando a cartilagem articular e o labrum;
- Pinça: acontece quando há crescimento ósseo excessivo na borda do acetábulo. Esse osso adicional causa atrito com a cabeça femoral durante a flexão, provocando danos ao labrum e à cartilagem articular;
- Combinado: é caracterizada por alterações tanto na cabeça femoral quanto no acetábulo, combinando características dos tipos CAME e Pinça.
O que causa o impacto femoroacetabular?
O impacto femoroacetabular ocorre quando os ossos da articulação do quadril se atritam, se prendem ou exercem pressão excessiva um sobre o outro. Esse problema é provocado por esporões ósseos presentes na cabeça femoral ou no acetábulo.
Algumas pessoas nascem com articulações que possuem um formato anormal, enquanto outras desenvolvem esporões ósseos ao longo do tempo devido ao uso repetitivo, desgaste natural ou atividades físicas intensas que sobrecarregam o quadril.
Sintomas do impacto femoroacetabular
Os sintomas de IFA podem variar, e em alguns casos podem ser silenciosos nos estágios iniciais. No entanto, é importante estar atento a:
- Ausência de sintomas iniciais: muitas vezes, o impacto não causa dor ou desconforto até que o dano articular aumente;
- Dor ou desconforto: localizado, em geral, na parte interna do quadril ou na virilha, podendo surgir após longos períodos de caminhada ou permanência sentada.
- Dificuldade para caminhar: mancar ou enfrentar dificuldades para se locomover são sinais de progressão da condição;
- Rigidez articular: sensação de rigidez no quadril, especialmente ao se levantar após longos períodos de inatividade;
- Dor lombar: o desconforto no quadril pode irradiar para a região lombar, gerando dores secundárias.
Diagnóstico
O diagnóstico do impacto femoroacetabular começa com uma avaliação detalhada, que inclui exame físico e exames de imagem.
- Radiografia do quadril: avalia a estrutura óssea e detecta possíveis irregularidades;
- Ressonância magnética: examina tecidos moles, como o labrum e a cartilagem;
- Tomografia computadorizada: proporciona imagens da anatomia do quadril, permitindo um diagnóstico mais preciso.
Em alguns casos, posso recomendar uma injeção de anestésico local no quadril. Se o medicamento aliviar temporariamente a dor, isso reforça o diagnóstico de IFA.
Como o impacto femoroacetabular é tratado?
O tratamento do impacto femoroacetabular pode ser dividido em duas abordagens:
Tratamento não cirúrgico
O tratamento inicial é normalmente conservador e inclui:
- Modificação de atividades: evitar ou reduzir movimentos que provocam ou agravam os sintomas;
- Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): como ibuprofeno e naproxeno, que ajudam a reduzir a inflamação e aliviar a dor;
- Injeções de esteroides: aplicadas diretamente na articulação do quadril, ajudam a reduzir a inflamação e o alívio temporário dos sintomas;
- Fisioterapia: inclui exercícios específicos e alongamentos para fortalecer os músculos do quadril e melhorar a amplitude de movimento.
Tratamento cirúrgico
Se os sintomas não melhorarem com o tratamento conservador, a cirurgia pode ser recomendada. O objetivo do procedimento é corrigir as deformidades ósseas.
- Artroscopia: na maioria dos casos, a cirurgia é realizada por artroscopia, um procedimento minimamente invasivo, utilizando pequenas incisões, o que permite um período de recuperação mais rápido;
- Cirurgia aberta: em situações mais complexas, pode ser necessária a realização de uma cirurgia aberta, que exige um período de recuperação maior.
Após a cirurgia, a fisioterapia é fundamental para restaurar a força muscular e melhorar a mobilidade articular.
Se você sente dores no quadril, virilha ou região lombar que prejudicam sua rotina e qualidade de vida, agende uma consulta comigo. Vamos identificar a causa e definir o melhor tratamento para recuperar sua mobilidade e bem-estar. Estou aqui para ajudar!
Dr. Gustavo Martins Fontes
Ortopedia e Traumatologia – Cirurgia do Quadril
CRM-SP: 116.821 I RQE: 11551
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